Rombo na poupança chega a R$ 57,054 bilhões em 2015.
Através de relatório mensal, o Banco Central informou que a caderneta de poupança já perdeu R$ 57,054 bilhões em 2015. Foi o décimo mês seguido que a poupança fechou no negativo, apresentando o volume de aplicações no valor de R$ 644,846 bilhões, sendo R$ 498,992 bilhões destinados ao SBPE (financiamento imobiliário) e R$ 145,853 bilhões ao SBPE Rural (financiamento rural).
Expectativa para os próximos meses
A manutenção da taxa SELIC em 14,25% deverá acentuar a saída de recursos da Poupança. A caderneta se firma no mercado como um dos piores investimentos do ano no mercado. Ao passo que fundos de renda fixa já alcançam uma rentabilidade mensal em torno de 1% ao mês, a poupança está limitada a uma rentabilidade anual de 6,17% ao ano mais a variação da Taxa Referencial (TR).
Se a retirada de recursos persistir, é provável que o mercado institua novas medidas restritivas para contratos regidos pelo SFH, como realizado pela Caixa.
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Relação mercado imobiliário e poupança
O SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) foi um dos motores do Sistema Financeiro de Habitação (SFH), que inclui, também, empréstimos com recursos do FGTS e outros programas sociais, que são igualmente regulados pelo Banco Central através da resolução 3932 de 2010.
Nos os últimos 10 anos, mais de 75% dos contratos de financiamento imobiliário tiveram recursos provenientes da caderneta de poupança. De janeiro de 2005 a julho de 2015, o saldo da poupança bateu recorde, subindo de R$ 158 bilhões para R$ 648 bilhões respectivamente: um aumento de 410% em 10 anos.
Os principais motivos da atração pela caderneta foram o seu estímulo consumidor que fixava uma taxa de juros máxima de 12% ao ano nos contratos regidos pelo SFH, e uma política macroeconômica de incentivo de redução da taxa SELIC, chegando ao mínimo histórico de 7,25% ao ano em 2012, o que aumentou significamente os depósitos na poupança devido a sua rentabilidade diferenciada. Era um dinheiro barato para novos financiamento, de fácil acesso às instituições financeiras e rentável para clientes.
Entretanto, com o aumento gradual da taxa SELIC nos últimos meses, a poupança deixou de ser um excelente investimento e tem perdido atratividade frente a outros fundos. Isso ocorre porque o rendimento dos investimentos de renda fixa sobe junto com a taxa SELIC. Já o rendimento das cadernetas de poupança, quando a taxa de juros está acima de 8,5%, está limitado em 6,17% ao ano mais a variação da Taxa Referencial (TR).
O resultado é uma saída gigantesca de recursos da caderneta e, em consequencia, a exposição da fragilidade do SBPE. A fuga de recursos da poupança forçou a Caixa Econômica Federal a reduzir o limite de financiamentos com recursos da poupança para compra de imóveis usados de 80% para 50%, em 04 de maio de 2015.