Infelizmente a Viver é mais uma incorporadora que sobrevive por aparelhos. Apesar dos esforços da companhia em equilibrar as suas contas e superar as dificuldades de uma recuperação judicial, a empresa ainda apresenta números distantes de uma possível e longínqua sobrevida.
Em agosto de 2017, a incorporadora anunciou os resultados do segundo trimestre de 2017. Primeiramente, destacamos as informações do banco de terrenos da empresa: “…o banco de terrenos da Companhia representava um VGV estimado em R$ 2 bilhões. Do total do banco de terrenos, projetos com aproximadamente R$ 406 milhões em VGV estão aprovados para potenciais lançamentos, equivalente a 2.413 unidades.” Para um leigo, os números expressivos mostram certa atividade, porém trata-se de um VGV potencial, ou seja, caso a companhia ouse em executá-los, poderá aferir uma receita próxima de R$ 2 bilhões. Cabe ressaltar que tal resultado não engloba custos inerentes de uma incorporação. De fato, para uma construtora endividada, e em recuperação judicial, colocar em prática tais projetos é uma tarefa impossível.
Quanto ao estoque da empresa: “…o saldo do estoque da Viver era de R$ 446,6 milhões. O estoque da Companhia inclui terrenos adquiridos em dinheiro e via permuta, construções em andamento, adiantamentos a fornecedores e unidades concluídas…” Conforme o demonstrativo de resultados, a Viver possui um acervo imobiliário factível de R$ 446,6 milhões. Sem dúvida, a empresa pode fazer receita com tal patrimônio, exceto com as construções em andamento cuja finalização demanda despesas para a sua concretização. Em suma, seu resultado pode até atingir tal número, porém não agora.
E por último, destacamos o endividamento da Viver: “No 2T17, a Viver possuía uma dívida total de R$ 1,20 bilhões (incluindo dívidas com partes relacionadas e a debenture conversível)…”. A despeito dos esforços pela sua diminuição, a companhia não cessou o impacto da dívida em sua sobrevivência. O débito da Viver é 2,5 vezes o seu estoque. Qualquer leitor nota facilmente que a situação da empresa é insolúvel. Não existe solução para uma disparidade tão acentuada.
A dilapidação da Viver
Distante de uma solução para a empresa, o seu patrimônio já começou a ser dividido pelos seus credores. De acordo com reportagem do Valor Econômico de 17/08/2017: “A Viver informou em comunicado que cedeu 51 unidades do Hotel Radisson Blu Belo Horizonte e um terreno localizado em Campinas (SP) para o banco Bradesco para garantia do pagamento de cédula de crédito bancário. A transferência de ativos da incorporadora, que está em recuperação judical, para o banco faz parte das negociações para quitação da dívida de R$ 66,7 milhões referente à cédula.”
O problema da Viver tornou-se uma corrida contra o tempo, o mais rápido conseguirá algum retorno. Aqueles que deixarem para o final, ou forem duros demais em suas negociações, não reaverão seus empréstimos. Tragicamente é mais uma incorporadora que se desfaz no mercado imobiliário. A Viver já viveu, agora resta somente a contagem regressiva de um período triste a ser esquecido no setor imobiliário.


